Graduandas do quarto do curso de Psicologia da Faculdade Pio Décimo, em Aracaju (SE), participaram, na manhã dessa segunda-feira, 7, de uma roda de conversa, sobre despatologização das transidentidades. O encontro foi promovido pela professora de Psicopatologia da Instituição de Ensino Superior, psicóloga Marcela Flores Cardoso Sobral (CRP19/1096), orientadora fiscal do Conselho Regional de Psicologia (CRP19).
“O objetivo foi promover o contato das(os) estudantes com Conselho de Psicologia, discutir um assunto politicamente defendido pelo Conselho Federal e apresentar duas resoluções do CFP que é a 001/1999 e a 001/2018 que trata da despatologização das identidades trans e travesti”, explicou Flores.
Com seis anos de pesquisa sobre o assunto e atuação no Conselho Estadual da Mulher, Conselho Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – CONLGBT e no ambulatório trans, a psicóloga Lidiane de Melo Drapala (CRP19/1664), coordenou o trabalho. “A disciplina Psicopatologia é uma das mais importantes para a produção de uma avaliação psicológica, oferece o arcabouço para entendermos as questões de personalidade, de humor”, explicou a também pesquisadora do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP/CRP19).
No encontro, que contou com a participação de André Mandarino, Conselheiro Secretário e Talita Costa, analista técnica da Comissão de Ética do CRP19, Drapala ressaltou o movimento do Conselho Federal de Psicologia que desde 2013 mantém uma plataforma no site (despatologizacao.cfp.org.br) com vídeos e textos acerca do assunto. “Além disso temos as resoluções do CFP e dos Conselhos Regionais, as notas de orientação do CRP de Sergipe e de outros Estados, a exemplo do Conselho Regional do Rio Grande do Sul (CRP 07) que fala sobre a avaliação e concessão de documentos para pessoas trans e os cuidados éticos para os quais precisamos ficar atentas(os)”, completou.
Na conversa com as estudantes, foram desvendados alguns conceitos básicos sobre a diferenciação das siglas LGBT e da ampliação para LGBTQIA+ que fala tanto das orientações sexuais como as transidentidades, a contextualização de uma vida social e comunitária, das violências produzidas com relação a essas pessoas, educação, moradia, relações de trabalho e como a(o) psicóloga(o) precisa estar atenta(o) a essa conjuntura. “Esse é um contexto que apresenta várias camadas de complexidade para se entender a situação da pessoa. Despatologizar, ou seja, retirar uma doença de um catálogo, como CID (Código Internacional de Doenças), ou mesmo da DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders -Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais), não é algo tão simples, mas é uma avanço. A psicologia tem a interface com outras áreas como medicina, enfermagem, fonoaudiologia, fisioterapia entre outras. A(o) psicóloga(o) precisar ser cuidadosa(o) nesse acolhimento porque na psicoterapia convencional é possível fazer outras práticas educativas para produção de documentos de avaliação psicológica, como por exemplo, para cirurgias de redesignação”, concluiu Drapala que também é coordenadora do no Grupo de Trabalho Gênero e Diversidade Sexual no CRP19.